Resposta Tumoral Após Radioterapia Paliativa: Influência na Sobrevivência dos Doentes de Cabeça e Pescoço
Tumour Response After Palliative Radiotherapy: Influence on Head and Neck Cancer Patients Survival
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Resumo
INTRODUÇÃO: A radioterapia com intuito paliativo tem um conhecido impacto na qualidade de vida dos doentes com tumores de cabeça e pescoço. São escassos os estudos que avaliam o impacto de esquemas paliativos de radioterapia relativamente ao controlo locorregional e sobrevivência global. O objectivo do estudo foi avaliar a resposta imagiológica tumoral e a sua influência na sobrevivência global em doentes com cancro de cabeça e pescoço submetidos a radioterapia paliativa.
MATERIAL E MÉTODOS: Estudo retrospetivo que inclui doentes com diagnóstico de cancro de cabeça e pescoço submetidos a radioterapia paliativa entre janeiro de 2014 e dezembro de 2016. Padrões de resposta tumoral avaliados em tomografia computorizada cervico-torácica 4-6 semanas após o final do tratamento. Análise de diferenças entre grupos através dos testes ANOVA e Chi-square.
RESULTADOS: Foram incluídos 53 doentes no estudo. Os esquemas de RT realizados foram: 50 Gy/20 fr (em 35,8% dos doentes), 30 Gy/10 fr (32,1%), 37,5 Gy/15 fr (18,9%) e 40 Gy/20 fr (13,2%). Na tomografia computorizada de avaliação de resposta ao tratamento, 61,2% dos doentes obtiveram resposta parcial e 10,2% resposta completa. Após um período de follow-up médio de 27,2 meses, a sobrevivência média foi de 9,55 meses (± 9,3). Quando analisados os esquemas de radioterapia separadamente, não houve diferenças estatisticamente significativas relativamente à sobrevivência média (p = 0,41). A sobrevivência média dos doentes que obtiveram uma boa resposta imagiológica é tendencialmente superior à dos doentes
com má resposta (p = 0,011).
CONCLUSÃO: Não existe atualmente consenso relativamente à escolha do fracionamento com intuito paliativo utilizado em neoplasias de cabeça e pescoço. A realização de radioterapia paliativa pode providenciar um maior controlo locorregional da doença com a possibilidade de maiores taxas de sobrevivência.