A Prevenção de Fraturas Patológicas do Fémur Proximal Otimiza Resultados Clínicos em Doentes com Doença Óssea Metastática: Um Estudo Clínico Baseado na Experiência de um Centro
Conteúdo do artigo principal
Resumo
INTRODUÇÃO: A doença metastática óssea reduz a qualidade de vida e condiciona a capacidade funcional dos doentes, ocorrendo com maior frequência em tumores sólidos malignos e mieloma múltiplo (MM). O tratamento eficaz exige uma abordagem multidisciplinar de forma a prevenir eventos catastróficos como fraturas patológicas, especialmente no fémur proximal. O objetivo deste estudo foi avaliar os resultados oncológicos, complicações cirúrgicas e custos de saúde associados ao tratamento cirúrgico de doentes com metástases ósseas do fémur proximal.
MÉTODOS: Estudo retrospetivo (2017-2021) de doentes com metástases localizadas no fémur proximal, secundárias a carcinomas ou MM, submetidos a tratamento cirúrgico desse segmento anatómico. Foram analisados dados epidemiológicos, histológicos, estratégia cirúrgica adotada, presença ou não de fratura patológica, tempo de internamento e sobrevida global dos doentes, recorrendo aos registos em processo clínico. Os dados coletados foram tratados estatisticamente recorrendo ao SPSS 23.0.
RESULTADOS: Foram identificados 37 doentes, sendo 20 do género masculino e 17 do género feminino. Nove doentes apresentaram metástases secundárias a carcinoma do pulmão, oito a carcinoma da mama, sete a carcinoma da próstata, quatro a carcinoma do útero, três a carcinoma do rim, e seis doentes tinham lesões secundárias a MM. Vinte e nove apresentavam fratura patológica, enquanto oito foram operados por fratura iminente. Enquanto 26 casos foram submetidos a osteossíntese ou hemiartroplastia/artroplastia total convencional da anca, 11 foram submetidos a resseção em bloco e reconstrução com megaprótese. O tempo médio de internamento foi superior nos doentes com fraturas patológicas (p<0,05), com a sobrevida global (SG) ao final de um ano superior nos doentes com metástases de carcinoma da mama, naqueles submetidos a resseção em bloco e para os tratados com fratura eminente (p<0,05).
CONCLUSÃO: A SG em doentes com metástases do fémur proximal parece ser influenciada pela histologia do tumor primário, tipo de tratamento cirúrgico e pela presença de fratura patológica ao diagnóstico. Esta evidência deve encorajar um seguimento vocacionado para a prevenção das fraturas patológicas em doentes com metástases no fémur proximal, e sempre que possível promover resseções oncológicas.
Detalhes do artigo

Este trabalho encontra-se publicado com a Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0.